jul 31, 2023

Como identificar um perfil com mentalidade de seita?

Descubra como manter o senso crítico afiado e evitar as seitas modernas O fenômeno das seitas Lançou dia 28 de julho no catálogo da Netflix uma minissérie de 6 episódios chamada “Como criar uma seita”. Devorei cada episódio durante o fim de semana, é claro! Adoro todo tipo de conteúdo que aborda os mistérios e […]

Descubra como manter o senso crítico afiado e evitar as seitas modernas

O fenômeno das seitas

Lançou dia 28 de julho no catálogo da Netflix uma minissérie de 6 episódios chamada “Como criar uma seita”. Devorei cada episódio durante o fim de semana, é claro! Adoro todo tipo de conteúdo que aborda os mistérios e complexidade da mente humana. A série trata com muito humor e sarcasmo a trajetória de 6 das maiores e mais trágicas seitas do mundo, entre elas a seita norte-americana de Charles Manson e o culto de proporções gigantescas Aum Shinrikyo, no Japão. 

De forma muito bem humorada, a narrativa da minissérie cria um “guia” para se tornar líder de seita, com muitas táticas de persuasão utilizadas por essas personas tenebrosas da história responsáveis por uma série de crimes e desfechos trágicos entre seus seguidores. A maioria das seitas mencionadas no show ocorreram entre a década de 60 e 80, período em que um despertar espiritual profundo proporcionado por um influenciável Plutão em Libra acontecia no céu. Plutão ficou em Libra de 1971 até 1984.

A vontade de experimentar, o lema do “amor livre” e a típica ingenuidade libriana serviu como mesa para essa porção de acontecimentos que passaram a ser menos frequentes depois de todos os escândalos e – felizmente – da entrada de Plutão em Escorpião, seu protegido. Porém, mesmo com as passagens astrológicas em Escorpião, Sagitário e Capricórnio amenizando tais debates, a entrada de Plutão em Aquário no final de 2024 pode trazer o renascimento de falsos gurus escondidos atrás das redes sociais.

As seitas modernas

Aquário, signo da modernidade, da revolução e da expansão da visão social. Ele se preparou para Plutão no céu, entrou rapidinho, Plutão ficou retrógrado, voltou para Capricórnio e ficará por lá até o dia 24 de novembro, quando entra em Aquário novamente. Porém, apesar dessa dança de planetas, já podemos perceber o aquecimento que o signo do povo tem feito em Plutão e os debates que ele entregou. A espiritualidade nunca foi vivida da forma que estamos vivendo agora. Antes, criar um grupo religioso ou com uma visão espiritual semelhante à sua, era um trabalho de formiguinha, uma peregrinação que exigia esforço, movimento e muito dinheiro. 

Atualmente, as redes sociais criaram um espaço muito mais econômico e com um alcance nunca imaginado pelos líderes de seita mencionados no show da Netflix. Charles Manson tinha menos de 100 seguidores. Hoje em dia uma influencer de moda consegue chegar a mais de 10 mil seguidores em alguns meses e ainda acha pouco. Toda estrutura de influencer se baseia indiretamente numa mentalidade de seita, até mesmo no marketing digital percebemos alguns macetes que claramente induzem esse pensamento: aumente seu número de seguidores, foque no marketing de influência, cuidado com o cancelamento, atraia publis, fortaleça a construção da sua comunidade, encontra a solução de ouro para os problemas dos seus seguidores… Mal dá tempo para respirar e pensar no que realmente te interessa nesse mundinho digital! Até mesmo os anúncios vem marcados especialmente para você. 

Para muitas pessoas, assim como eu, tais ferramentas são um trabalho, fonte de renda e uma ferramenta importante para que as pessoas reconheçam seu trabalho e vejam valor naquilo. Porém, para alguns criadores de conteúdo, as redes sociais se tornaram uma fonte valiosa de lucro e poder, trazendo pouquíssimo interesse em agregar um valor real e sincero à sua entrega. É blogueira fazendo maquiagem superfaturada, influencer vendendo cura espiritual num potinho de sal grosso… Uma série de absurdos que faz você pensar “Meu Deus, quem é ingênuo a ponto de acreditar nisso?” Porém, minha musa, acredite: todos nós estamos suscetíveis a esses discursos, tudo depende de três fatores cíclicos muito abordados durante a minissérie da Netflix:

Sentimento de solidão: Sentir-se parte de um grupo é delicioso e natural. Nós vivemos em grupo e só sobrevivemos como espécie por conta disso. Um dos cultos mais bem sucedidos são os cultos que “demonizam” a solidão e proporcionam uma carência tão profunda que você acaba se colocando na situação de dar tudo de si no primeiro momento que alguém te percebe e surge como um salvador para “te salvar”;

Desespero por apego: A perda de um ente querido, uma desilusão amorosa, uma demissão, algum trauma de infância… Eventos canônicos que envolvem o difícil processo de desapego. Uma parte sua vai embora e você fica desesperado para preenchê-lo com um sentido maior, com a promessa de uma purificação daquela dor, daquela culpa que você carrega;

Pressão social: Você está inserido em um grupo muito sólido, onde todos começam a se parecer, quase como uma simbiose. Aos poucos você não consegue mais se diferenciar dos outros. Vocês constroem a mesma mentalidade e quando você percebe algo errado, sente medo de agir contra a corrente e segue o bando, pois adivinha? Tem medo da solidão.

Para não cair nesse ciclo vicioso, separei 5 cuidados importantes que você pode ter para não entrar sem querer em uma seita moderna.

5 cuidados para evitar entrar na mentalidade de seita

  1. 1. Faça estudos diversificados

É natural a gente sentir maior conexão com algumas áreas de estudo, sobretudo aquelas com a qual nos identificamos! Porém, a construção de um pensamento crítico envolve estudar as oposições do pensamento que você está inclinado a concordar. Tais práticas ampliam sua visão do todo e te deixam mais perceptiva sobre as múltiplas dimensões de um mesmo problema. 

  1. 2. Esteja atenta à debates fora da sua bolha

Nas redes sociais os algoritmos nos deixam presos em uma bolha social onde todo mundo fica se dando tapinhas nas costas e repetindo as mesmas informações, nos deixando alienados e poucos críticos, sobretudo aos contextos que concordamos! Idolatria na sociedade crítica que temos hoje só serve para divas pop! Às vezes nem elas. Tente furar essa bolha e faça buscas sobre os perfis que você gosta, perceba se eles estão atentos ao alinhamento do que oferecem. É claro que não esperamos perfeição, pelo contrário! São em momentos de crise e “cancelamentos” que nós percebemos o real posicionamento de um influenciador. Perceba como ele se posiciona diante de críticas e “hate”, como ele se expressa diante desses momentos. 

  1. Cuidado com as certezas absolutas!

Sempre fiquei incomodada com prestadores de serviço, sobretudo em consultorias, que chegam falando pra você: é isso, tenho certeza, eu sei. Ninguém sabe mais da sua vida do que você mesmo, ele não vive aquilo. Mentores que respeitam sua jornada e trazem críticas construtivas sem julgamento excessivo te fazem crescer muito mais! Quando surge alguém cheio de respostas prontas e fáceis para problemas complexos (no caso da área esotérica tem muito guru por aí vendendo água de cura, reiki da salvação… pataquada), desconfie. Observe profissionais que entregam a necessidade de construir um processo, ser paciente, perspicaz. 

  1. Escute o mental e o emocional

Na minissérie, existiam seguidores que eram cientistas excelentes e, do nada, resolviam seguir uma seita e deixavam de lado toda a razão para se deixar levar pelos rompantes emocionais que os discursos de seita geravam. No outro extremo, pessoas muito boas, com o emocional amoroso e forte criavam uma lógica totalmente deturpada dentro do sistema de seita para fazer atrocidades com “uma razão” e desligavam a humanidade completamente. Vibrar só no racional ou só no emocional o tempo envolve perigo. É claro que costumamos pender para um lado, porém cada contexto requer a força de um lado. Questione e também ouça sua intuição. Se eles estão em concordância sobre alguma questão, reflita se vale a pena. 

  1. Crie um plano para os seus ciclos

A maior parte dos seguidores de culto não se viam em um culto. Buscaram apenas um lugar estável com segurança para viver e expandir sua conexão consigo mesmo. Eles amaram o discurso do guru antes de qualquer coisa, porque aquele discurso se adequava à profundidade de suas almas e eles não viam as implicações a longo prazo daquela entrega toda. Perceba seus momentos, fragilidades, forças e interesses pessoais, pense nas consequências dos seus atos e não tenha medo de conversar consigo mesmo. 

Você é seu maior guru!

A frase que mais me guia quando estou consumindo um conteúdo é: essa ferramenta pode ajudar, mas ninguém sabe mais da minha vida do que eu, afinal só eu vivo essa vida. Muita gente vai vir com a proposta de salvação, mas acredite: nada disso vai te salvar. Não espere por um messias, epifania ou resgate dos extraterrestres. Procure aliados e parceiros, não indivíduos que personificam uma solução milagrosa. 

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