ago 7, 2023

“Está tudo bem, mas ainda sinto um vazio”

Reflexões sobre cair no buraco da Alice Essa é uma das frases mais comuns durante os meus atendimentos: “Duda, não tem nada errado acontecendo na minha vida. Tenho meu trabalho, meus amigos, estou num relacionamento saudável, mas ainda sim… sinto um vazio, me sinto desprendida de mim”.  Esse sentimento sempre me desperta muita empatia, pois […]

Reflexões sobre cair no buraco da Alice

Essa é uma das frases mais comuns durante os meus atendimentos: “Duda, não tem nada errado acontecendo na minha vida. Tenho meu trabalho, meus amigos, estou num relacionamento saudável, mas ainda sim… sinto um vazio, me sinto desprendida de mim”. 

Esse sentimento sempre me desperta muita empatia, pois me sinto assim também. O período dos 20 aos 30 é uma fase confusa, onde você é jovem demais para ser velho e velho demais para ser jovem. Questões que antes te enchiam de empolgação hoje só te deixam cansada. Você aos poucos começa a trocar alguns rolês por horas a mais de sono. A sensação é de que estamos nos traindo com uma versão careta de nós mesmas. As pequenas fugas da rotina para dormir mais, ver uma série, descansar, cancelar um compromisso para chorar um pouquinho na cama que é um lugar quente… E nesse ritmo se cria um buraco, o temido vazio.

O buraco da Alice

Eu sou apaixonada pelas simbologias presentes no clássico “Alice no País das Maravilhas”. A jornada da menina se inicia literalmente com ela caindo em um buraco que dá diretamente em um novo mundo. Tenho me sentido assim desde que fiz 21 anos: caindo nesse buraco e tentando entender o que está rolando enquanto sigo despencando. Olho ao redor e me surgem fragmentos de quem sou, de quem fui e de quem ainda quero ser… Mas onde que eu estou agora? Eu, eu mesma, euzinha? São tantas versões que criamos para diferentes tempos e espaços, que tudo vira um borrão, um buraco infinito de flashes que não criam formas e que eu não costumava observar com cuidado, logo eu!

A beleza de se observar

Sempre fui muito observadora. Trabalho com atenção aos detalhes que meu poderoso Mercúrio em Escorpião me presenteou. Adoro passear pela cidade e apenas observar as pessoas caminhando, vivendo. Adoro! Faço isso desde pequena, e tal habilidade me ajudou demais, não é à toa que trabalho com o misterioso mundo do tarot e da astrologia. 

Conforme fui amadurecendo, a mesa foi virando: eu parei de observar tanto o outro e comecei a me observar. Nunca estive tão conectada com meu mapa astral e com as cartas do tarot. Me deixo cair no buraco da Alice mas olho ao redor e percebo as formas que se criam com mais cuidado: um planeta, um arcano, uma mariposa teimosa que pousa na minha janela. Eu sinto e observo. Eu manifesto e observo. E então eu respiro fundo e sinto que tudo bem se deixar cair. 

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